Estava decidido: ia abandonar a mulher. Havia conhecido, há cerca de dois meses, uma outra pequena: mais jovem, bonita e agradável. Esta não lhe incomodava com seus problemas, com as contas, não lhe cobrava atenção, não o criticava... Sempre muito bem maquiada, unhas feitas e bem disposta, era o carinho em pessoa. Ela entendia todas as suas inquietações e antes mesmo que ele pudesse abrir a boca, ela tinha a palavra certa, o melhor conselho. Sim, não havia mais volta. Deixaria a mulher...
Desde pequena sabia que tudo o que é vivo nasce, cresce, se reproduz (talvez) e morre. Pelo menos era assim com as plantas. Mas ela não sabia como lidar com a morte. E tinha medo do momento em que tivesse de lidar. Perdeu a avó aos 2 anos. Não se lembrava de nada. Imaginou que, no momento da morte, uma espécie de luz veio do céu até a sua avó, a envolveu e levou o seu espírito para viver nas nuvens, com Deus. E acreditava que assim era com todos os que terminavam a vida. Mas isso era na...
Este é um artigo escrito em primeira pessoa, tem como ponto de partida uma situação pessoal e prosaica e pretende colocar em debate o racismo estrutural na sociedade brasileira. Não, o leitor não encontrará aqui uma situação de racismo contra minha pessoa. Mas encontrará um exemplo de racismo contra todas as pessoas pretas nesse país. Tenho um filho de seis anos que, como eu, gosta muito de desenhar. Assim como o pai, ele prefere desenhar com canetas e as nossas estão acabando. Precisamos de...
Sabe aquele livro que você começou a ler e de repente “se viu na cena" da narrativa, assumindo o lugar de algum personagem ou deixando-se levar por risos, lágrimas, curiosidade e empolgação a cada capítulo? Certamente, também já precisou de algum livro que trouxe a informação clara e exata para aquele trabalho da escola ou da faculdade, não é mesmo? Se você concordou com pelo menos uma dessas circunstâncias, saiba que a missão do livro foi cumprida com êxito e plenitude! Eis o porquê...
A faxina começa dentro de cada um de nós. Vozes pretas e brancas foram despertadas de seu estado letárgico. Parece que, enfim, a história foi suspensa. As vozes pretas bradavam, mas nunca foram ouvidas. Há vozes brancas que nunca se calaram. Ambas clamavam que as versões históricas fossem revisitadas, revistas e recontadas, não da mesma forma, mas contadas de novo sob outros ângulos, aqueles antes ignorados. Vozes bradavam, mas nunca foram levantadas em uníssono como se vê agora. E isso não...
Os dias passam e a cada minuto eu tenho mais certeza de que o maior problema da humanidade é duvidar daquilo que se sente pelo outro. Nós somos levados a uma constante dúvida, a um constante questionamento. Sentimos medo, tristeza, pavor e nos escondemos disso. Nós escondemos o rosto quando estamos irritados. Choramos no banho enquanto o mundo parece sentar e decidir escutar cada um dos nossos questionamentos. Ocultamos a felicidade por medo da inveja, sofremos em silêncio, pois não há...
Alguém já te disse que nessa imensidão você é o cara mais bonito do mundo? Quando acorda e lava os cabelos, quando troca a roupa de dormir e se encara no espelho, já te disseram que fica tão bonito assim? Acho que simplicidade é o meu forte e eu não precisaria de nada mais do que você e aquela sua calça jeans meio rasgada a mão. Você faz o café e mesmo tão amargo, ainda é o cara mais bonito desse vasto mundo. Eu coloco açúcar e você reclama dizendo que eu disfarço o...
Amanhã é dia de ir embora. Faz quatro dias que estamos aqui. Só hoje que a gente achou melhor não sair de casa, para não fazer nada mesmo. Quer dizer: Sementinha de Mostarda (Silvia) está prestes a fazer um churrasco. É ela quem cuida dos acepipes. Dráuzio Varella (Théo) está no quarto, diante do computador, decerto. Eu (Sarcófago), como não poderia ser diferente, estou a mergulhar mais fundo nas profundezas do meu eu, tal o egocentrismo com que fico a esmerar a alma, lapidando-a sem...
É o que deseja a gente, aqui do Tertúlia. Ah, e feliz A.N.O. N.O.V.O. também!
Quando uma pessoa passa por uma grande tragédia, um acidente, e os médicos concluem que sua salvação seria a amputação de um membro, isso torna - se o maior desastre na vida de um paciente. Os médicos provam que a amputação é a melhor saída. Que retirar aquele membro aumentaria todas as chances de vitalidade do paciente. Isso quando o membro já não se perde por causa quase natural durante o acidente. Quando um membro é amputado dá - se um longo espaço de tempo para que o paciente se recupere...
Eu tinha 15 anos quando tentei surfar pela primeira vez. Foi em 86, no Leblon. Foi a primeira de quatro tentativas. Minha prancha tinha uma quilha quebrada (a do meio), eu não consegui nem mesmo me aproximar de onde as ondas quebravam, mas um acontecimento iria marcar minha vida. Na areia, um repórter e um “cameraman” do programa Viva a Noite estavam à procura de uma entrevista. Eu já havia saído do mar quando alguém se aproximou de mim e disse: “vamos entrevistar o surfista aqui”. Você tem...
Estive a ver nestas férias, enquanto meus pés passavam frio, algumas séries britânicas na Netflix. Hoje, quando muitos vêm achando que o cinema parece já ter dito tudo, a televisão deu uma cambalhota, e voltando a parar em pé, como tudo que nos últimos anos vem mudando, ela acabou tirando do cinema alguma coisa, e certo é que há de parar bem essa história um dia à sétima arte, porque fermentações assim sempre trazem mudanças que, maturando, transformam leite em queijo, e enquanto à coivara...
Tirinha de Rodrigo Caldas sobre vacinação contra a febre amarela.
Gosto de Kevin Spacey, como gosto de Woody Allen; não na mesma proporção, mas ambos terão no seu curriculum a acusação do sexo mais vil, seja o estupro seja a pedofilia. Uma pena. Em nosso tempo, distinguir o artista de sua vida é impossível. Mas sempre haverá aqueles a quem Annie Hall ou House of cards falem mais alto. De fato fica difícil separar as coisas. Mas é preciso. Falemos de Kevin e deixemos de lado, Woody, casado e neurótico, esse inegável artista genial. Falemos de Kevin, porque..
Tirinha de Rodrigo Caldas para o Tertúlia.
Tirando de letra - tirinha de Rodrigo Caldas para o Tertúlia satirizando "Game of Thrones"; aqui, seu personagem Jorge Marvin, inspirado em George Martin.
Acabei de jogar o cabelo para trás. Culpa de um acorde. Me senti meio ridículo, sem idade para isso, um velhinho pego roubando um beijo de língua de sua amora. Rio das estações dentro de mim. Quando o rio desembarcar no mar, o inverno terá chegado ao fim. À margem, Lídia, com os pés na correnteza, vamos preservar ideias de uma vida inteira, lutando para mantê-las dobrando como um serrote tocado com um arco.Foge o tempo aqui, feito agora, agora, e agora, enquanto este segundo, esse...
(asdfg, asdfg, asdfg… çlkjh, çlkjh, çlkjh… Pronto. Vamos lá!) Existem alguns publicitários burros. Existem algumas pessoas que contratam publicitários burros que são burras. E existem empresas de telecomunicações burras que exibem gratuitamente criações burras feita pelos publicitários burros contratados por executivos burros.Desculpem o parágrafo terrível e repetitivo aí acima, mas, ele foi feito propositalmente assim para marcar a idiotice que impera no combate ao racismo. Refiro-me a...
– Vamos brincar? Eis um convite que a maioria das crianças recebe todos os dias, geralmente de outras crianças. Agora imagine um livro convidando o leitor para brincar? Parece impossível, mas não é. Pelo menos não para Adelita Becker, representante em Curitiba da Genial Books, empresa paulista especializada em livros infantis personalizados. Por meio do projeto Leitura Genial, Adelita disponibiliza 15 títulos de literatura infantil e infantojuvenil, nos quais cada criança pode ser a...
A criança é uma noite seca na veia da cidade. Com o vazio encostado na vitrine, derrama a esperança pelos olhos: terá ela um dia, em seu estômago, um pedacinho...
“O Captain! My Captain”. A morte de Robin Williams deixou o mundo todo comovido e estarrecido. Como pode morrer o palhaço mais triste de Hollywood? Da tragicomédia humana ninguém escapa, até porque os limites entre comédia e drama fazem parte de nossa vida diariamente. Williams sorria por fora, mas por dentro estava despedaçado. O diagnóstico de Mal de Parkinson talvez não tenha sido tão destruidor quanto a dor pela morte do amigo Jonathan Winters, comediante morto em abril de 2014...
Justo quando pensava no Quexadim, o gaiato disse "quero ver alguém fazer uma história sem ponto final" e, sem esperar, afirmou que era impossível para o nosso povo, mas, eu, quieto como água de poço, matutei e logo saí a procura de meu amigo que estava ali, bem perto, no outro bar da cidade, a prosear, como sempre, de forma ininterrupta, usando de todos os cacoetes e vícios de linguagem que tinha, como fazer perguntas, inclusive quando respondia algo, e de falar quase à exaustão, sem...
Eram duas horas da manhã. A lua minguante, quase nova, não iluminava bem a noite, aliada a grandes e espessas nuvens que encobriam o céu por longos períodos. A densa escuridão era cortada por dois grandes fachos de luz, provenientes dos faróis do caminhão de Ranulfo. Ele sacudia na boleia, devido aos grandes e constantes buracos da estrada mal conservada, que tentava desviar, sem sucesso, infelizmente. Dirigia há mais de vinte anos. Era de estatura mediana, tinha um rosto largo, e muitos...
Das três recomendações que a mãe de Drummond deixou a ele — não guardes ódio de ninguém; compadece-te sempre dos pobres; cala os defeitos dos outros —, é essa última que não sai da cabeça. É um conselho inesquecível, que deveria ser grifado por todas as gerações que vêm pela frente. Você não acha? Mas há um problema: e nosso defeitos, o que vamos fazer com eles? Pense bem nisto: quem vai nos alertar sobre eles? Somos todos cobertos de vícios e manias. Não adianta tapar o sol com a peneira...
Sentada sozinha\ Na mesma varanda que já acolheu minhas brincadeiras de criança\ Onde a vó contava histórias,\ As luzes anunciavam o ano que chegava\ Luzes e fogos tão imensos e lindos\ Que senti como se alguém tivesse mandado por correio especialmente pra mim! \ A música, maravilhosamente escolhida para aquele momento,\ Abafava o barulho do fogos, os gritos das crianças, as buzinas\ Acalmava o choro que, de solidão, tornava-se cachoeiras de esperança \ E já não havia mais nada além de luzes...
Faz tempo que quero escrever sobre a minha aventura com turbinas eólicas. Em 2007, depois de quatro meses desempregado em Lisboa, comecei a dar tiros por toda a Europa. Como havia recebido a nacionalidade portuguesa, Espanha, Inglaterra e Itália deixaram de ser apenas um sonho. Continuava limitado aos meus conhecimentos informáticos, mas faria tudo para arranjar um trabalho completamente diferente. Os idiomas, por fim, começaram a não ser mais um problema, e qualquer mudança de morada...
Para Immanuel Kant, sim. Tanto é que ele dedicou uma obra inteira para as questões do gosto, a "Crítica da faculdade de julgar", publicada em 1790. Para o filósofo é possível discutir o gosto porque uma discussão é diferente de uma disputa. Filosoficamente, uma disputa é uma batalha de argumentos que exigem demonstrações, a fim de que uma ideia prevaleça. Uma discussão é um processo de lapidação das opiniões, cuja finalidade é chegar a um acordo entre as partes. Assim, não se disputa sobre o...
Talvez a pergunta que intitula esse texto seja uma das mais formuladas a um artista. E ele, se não quiser ser mal educado, faz uma breve contextualização do conceito para mostrar que a inspiração, em si, nos moldes que a tradição cunhou, não existe.A palavra inspiração é de origem latina e, grosso modo, significa “soprar” ou “insuflar”. A maioria dos dicionários contemporâneos define inspiração como uma sugestão de origem transcendente que excita o artista a produzir. Trata-se, portanto...
Química. Por esta altura, a história do professor Walter White (Bryan Cranston) já chegou ao fim. A química funcionou perfeitamente. Foram cinco temporadas de Breaking Bad, bitch. Por favor, não se incomode com esse “bitch”, quase uma senha para quem acompanha cada episódio da série. Breaking Bad é um vírus que, uma hora, você vai pegar. Não tem jeito. Mesmo sem ver nenhuma temporada ao vivo, acabei infectado depois de ler um texto do Luiz Felipe Pondé na Folha de S.Paulo. Foi assim que a...
Sou pai. Não carreguei meu bebê na barriga, não tive enjoos, não dormi mal durante os últimos meses, não conheci a dor do parto, mas, no último dia 14 de fevereiro, às duas e cinco da manhã, também dei à luz um filho, abraçado à minha esposa, em uma das mais privilegiadas maternidades do sul da França. De um lado, a cidade de Nice; do outro, a Baía dos Anjos. Havíamos imaginado aqueles momentos durante nove meses. Contudo, quando o querubim pousou, tomamos consciência de que havíamos sido...
Olhando para trás, reparo que muitos dos momentos da minha vida que mais gerariam histórias interessantes para contar seriam aqueles nos quais me deixei levar pela força de uma paixão. Um tipo de "espírito que baixa em mim" que vira e volta me aparece e me diz: "Vam'bora! Vam'bora que depois tudo se ajeita!". E, realmente, se ajeita, mas somente depois de descobrir, normalmente no meio da aventura, que a coisa, afinal, não seria assim tão simples de fazer. Foi assim quando eu fui voluntário...
Em 2013, desejo que você... pare de fumar completamente e beba menos. Essas coisas debilitam o corpo e enfraquecem a mente. Coma mais legumes e verduras. Coma menos carne vermelha. Beba menos refrigerante e deixe de ir a rodízios, onde você sempre come mais do que o seu corpo necessita. Venda seu carro. Comece a usar transportes públicos, ou compre um carro elétrico, se puder, ou vá de bicicleta para o trabalho, se puder. Faça esporte. Gaste menos energia elétrica em casa. Gaste menos petróleo..
Já comprou o presente de natal para sua outra metade? Não?! Puxa, que bom! Nós, do Tertúlia, optamos por indicar livros, filmes e CDs não apenas lançados em 2012, mas nos anos e décadas anteriores também. Literatura, cinema e música em obras que são (e sempre serão) imprescindíveis e inacredincríveis. Por que gastar dinheiro apenas com o que foi lançado neste ano, se, antes, muita coisa boa já estava aí? A seguir, as indicações de Tertúlia a quem possa interessar. Feliz Natal e 1 2013 upa!
Para quem não sabe, Vevey é a cidade onde Charlie Chaplin passou seus últimos vinte e cinco anos de vida, depois de ter sido proibido de voltar aos Estados Unidos pela campanha anticomunista de Joseph McCarthy. Uma pequena ville suíça localizada a apenas um lago da França. Não deve existir nada mais maravilhoso do que envelhecer ao lado da pessoa amada, em sua própria casa, em um lugar tranquilo e com o sentimento de trabalho realizado.No intuito de aproveitar o agradável tempo que fez...
Não é fantástico chegar até uma pessoa de quem você gosta -- ou de qualquer pessoa (um amigo, uma amiga, alguém que você nunca viu etc.) -- e dizer a ela: se você me arrumar um pen drive de 30 Gb eu gravo um monte de coisas legais pra você. E então é a festa. Aliás, começaria por aí, Fiesta, CD que Gustavo Dudamel gravou. Já ouviu esse CD? Não à toa, todo mundo começou a apontar o dedo para esse regente cabeludo dizendo que ele sabia das coisas. E sabe mesmo. Aliás, a Venezuela está de...
"O whisky é o melhor amigo do homem; o whisky é o cachorro engarrafado". Sábia analogia! Sábia, mas injusta. Pois não há sequer uma mágoa que a tampa do whisky segure, que as cordas de um violão não consigam libertar. Vinícius sabia disso. Eu, não. Mas mesmo assim pedi, com 14 anos, o meu primeiro violão. Estava motivado, decidido. Astro do Rock? Sucesso e dinheiro? Não. Eu vivia mesmo era a imitar tudo o que o meu irmão mais velho fazia. Já meu irmão não estava imitando ninguém. Surpreendeu...
Eu gosto de observar os outros. Acho engraçado. E gosto de me observar. É mais risível ainda. As pessoas projetam os acontecimentos conforme gostos e preferências. Isso pode ser notado principalmente em pais "corujas". Basta uma criança rabiscar uma parede que vem a sentença: será arquiteto! Dá dois chutes em uma pedra no meio da rua, provavelmente será jogador de futebol. Meu filho, por exemplo, tem uma letra horrível. Médico, sem dúvida. (Se bem que, dia desses, ele estava batucando na mesa...
Minha esposa e eu vivemos durante quatro anos no segundo arrondissement de Paris, na Rue d’Argout, num dos bairros mais centrais da cidade. Em 2008, quando chegamos de Portugal, pedimos para visitar aquele que seria o nosso futuro apartamento principalmente porque ele fica a dez minutos a pé do meu trabalho. Contudo, uma vez descoberto o que significava morar ao lado da Rua Montorgueil, decidimos não ir mais a lugar algum, mesmo depois de ter mudado de emprego e ter ido trabalhar em uma das...
Eu sempre defendi que a humanidade é boa. Claro que tem muito maluco por aí que mata a própria mãe por causa do controle da TV e outros que assassinam uma multidão inteira para roubar petróleo grosso embaixo da areia fina, mas, felizmente, esses são as exceções. Em geral, somos bons. Ou, pelo menos, tentamos ser. Permitam-me, porém, lembrar de três casos: o primeiro de uma menina se afogando diante de dezenas de chineses que, ao invés de ajudá-la, fotografavam a cena trágica. A criança foi...
Quando comecei a ler Os Miseráveis, em 2001, acreditava que este seria capaz de destruir o miserável que eu tinha em mim. Mais do que uma lição de estilo, buscava, através de sua leitura, encontrar o meu próprio humanismo, sentimento este até hoje inacessível.Tampouco terminei de ler o livro.Verdade seja dita: o livro é enorme e contém demasiados detalhes. Contudo, isso não nos impede de o colocarmos na próxima sonda espacial Voyager, dando sequência à sinfonia de Beethoven e aos números...
No 5° arrondissement, você poderá comer um Extra Pitá no Quartier Latin, tirar uma foto na frente da fonte Saint-Michel, visitar os imortalizados do Pantheon, passear pelo Jardim de Plantas, ir ao Zoo, ter um ângulo único da Notre-Dame, a partir do terraço do mundo árabe, e jantar nos arredores da Place de la Contrescarpe, ápice desse arrondissement; Hemingway viveu a poucos metros de lá; Paul Verlaine morreu a poucos metros de lá, e duas placas indicam os locais.Há outra placa perto da fonte...
Aquele lance de família e tudo... Sobrinhos, bagunça, vídeo-game, futebol... Ter sobrinhos é realmente uma delícia, ou melhor, é uma chave para “sua” liberdade. Se sua irmã e seu cunhado moram em sua casa, ou então nos fundos (rsrsrsr) você gozará da liberdade, enfim! Livre, livre das coisas cotidianas! Liberté, Égalité, Fraternité! Banzai! Você nunca mais precisará ir à padaria, ao bar da esquina, buscar documentos, ir ao banco, entregar presentes ou mimos chantagistas para seus parentes ou...
Havia perdido os seus. Um predador – o tempo – os levara. Ironia. A vida derramava leite. A saudade, consumia. Era manhã. Primavera. Não para ela, que tudo via cinza. Estava triste. Só. Em sua obstinação diária procurava aqueles que perdera. Refazia os passos. Rodeava. Mas só encontrava cacos de si. Firmava a vista. Insistia. Inútil. O vermelho não mais lhe aprazia. O castanho, tampouco. Só restara o azul... do rio desta vida em sua marcha inexorável. Havia algo errado. As águas do Tibre...
Como já falei da Torre Eiffel quando escrevi sobre o 16° Arrondissement, aproveitando uma deixa do filme A origem, hoje darei espaço a outros três pontos turísticos de Paris: o museu Rodin (Sexus), a capela da Medalha Milagrosa (Nexus) e Les Invalides (Plexus). A primeira vez que fui tocado pela musa foi graças à estátua do Pensador, de Auguste Rodin. Estava folheando a Enciclopédia Larousse de uma amiga, ainda no Brasil, quando, virando uma página, dei de cara com o homem de bronze. Todos...
Tendo chegado, enfim, ao epicentro turístico de Paris, restam-me duas opções: escrever sobre o Arco do Triunfo e os Champs Elysées e ficar aquém dos milhares de guias que já tratam do assunto ou elaborar um pequeno guia intitulado “o que um turista precisa saber para não ser enganado em Paris”, um manual de sobrevivência que sempre desejei escrever e entregar nos portões de desembarque dos aeroportos Orly e Charles de Gaulle.O oitavo arrondissement de Paris é, normalmente, o primeiro, do...
Eu tenho várias ideias que poderia vender. São geniais e práticas, mesmo que de gênio e de prático eu não tenha absolutamente nada. Em alguns temas sou especialista, e minhas teorias são imbatíveis. Por exemplo, na área de relacionamento-interssexual-oficializado-sito-em-um-mesmo-endereço, ou seja, casamento, eu estaria concorrendo a um Nobel, caso existisse essa premiação. (Deveria encaminhar uma solicitação à Fundação na Suécia - imaginem que legal: Nobel de Relacionamento Humano.) Neste...
Eu estava em Lucca, na Itália, na porta do apartamento de Puccini, quando, abrindo a carteira, descobri que havia deixado meu cartão de crédito em Florença. Não poderia naquele dia visitar o lugar onde Puccini tinha vivido. Hoje, estou no nono arrondissement de Paris, no terraço da Galeria Lafayette e tenho diante de mim a ópera Garnier. Todavia, nunca esqueci Lucca. Gostaria de escrever sobre o amor incondicional como Puccini foi capaz de fazê-lo, compondo. Olho para o horizonte e vejo a...
Paris é uma das cidades mais cosmopolitas do mundo, ao lado de Londres e de Nova York. Jamais me senti um estrangeiro aqui e, pela primeira vez, desde que cheguei à Europa, deixei de me sentir "o" brasileiro. Claro que as coisas seriam diferentes se eu fosse negro ou se eu usasse um lenço na cabeça, mas, mesmo que o racismo continue existindo até mesmo na França, em Paris, até os homossexuais são visto como apenas mais um povo estrangeiro. Em Paris, você pode sair com uma melancia na cabeça...
Claro! Importante mesmo é ser feliz sempre! Tenho o hábito de dar valor às pequenas coisas da vida e tenho plena convicção de que sempre posso escolher entre ficar triste ou sorrir. E... vejam bem... sempre opto pela segunda alternativa. Acordo às seis da manhã, preparo o café das crianças, deixo-as na escola, saio para o trabalho, volto na hora do almoço. Saio outra vez para o trabalho e volto às seis e meia, depois de ter passado na casa da mãe para recolher as crias. Descubro uma pilha...
O importante é ser feliz. Sempre digo isso quando estou feliz. Quando estou bem de saúde, afirmo que o importante mesmo é ter saúde. Ou quando estou com amigos, comemorando algo, não tenho dúvidas que importante mesmo são os amigos. O mais incrível disso tudo é que não são mentiras, mesmo variando significativamente sobre o mesmo tema. São, basicamente, formas oportunas para facilitar a vida, o viver, enfim, a sobrevivência. O fato de termos algo importante a nosso favor facilita tudo...
Na manhã de 11 de setembro de 2001, o céu era de uma imensidão azul rotineira. Minha mulher cuidava do jardim, enquanto nosso filho Théo, à época com um ano, dormia em seu berço. O rádio estava ligado. Tocava uma música qualquer. Entre uma canção e outra, nada quebrava a tranqüilidade da casa e da manhã que estava apenas começando. De repente, o tom do locutor mudou: saía sua alegria dissimulada e entrava uma voz grave, preocupada, prenunciando uma tragédia. A notícia: um avião havia batido...
Meses e meses atrás, em um fim de semana prolongado, dei de presente a mim mesmo horas de ócio — criativo — e prazer: vi os 17 episódios da 6ª e última temporada de Lost em DVD. Foi um dos melhores presentes que já dei a alguém, mesmo que esse alguém tivesse sido eu mesmo, porque esperei muito tempo para fechar a história toda de Lost na minha cabeça. Explicação? Durante cinco anos, toda segunda-feira (entre março e outubro) foi noite de Lost aqui em casa. Saía para dar aula, enquanto o vídeo...
Um dos melhores livros que já li até hoje é O Conde de Monte Cristo, o qual li no trabalho, numa época em que não tinha muito que fazer. Tinha ido a Lisboa havia seis anos e tinha trabalhado muito. O BUG do ano 2000 e a conversão do Escudo para o Euro haviam ficado definitivamente para trás, enquanto alguém seguia desviando dinheiro por cada trabalhador autônomo estrangeiro.Livros em PDF. Que ninguém me imagine com Alexandre Dumas em cima do meu teclado. Esses arquivos foram e têm sido um...
Te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo...
No dia 9 de julho de 2011, Tertúlia foi a Serrana participar do Caipiro Rock, evento feito por pessoas que, juntos, fazem a festa acontecer, como tem de ser. A festa, aqui, são shows e shows de bandas independentes, varal de poesia, aulas de bateria, venda de CD’s e camisetas de bandas, troca de fanzines e por aí vai. Do it yourself, lembra qualquer punk de carteirinha, e o pessoal do Caipiro Rock não deixa essa filosofia morrer. Por isso, Sacramento [MG], Serrana, Ribeirão Preto, Monte Azul...
Goethe ensinou-nos a sofrer. Mais do que isso. Transformou o substantivo abstrato “sofrimento” num advérbio concreto de grau superlativo. Sofridíssimo! Assim quedam os leitores já nas primeiras páginas do seu Die Leiden des jungen Werther (Os sofrimentos do jovem Werther), que desencadeou o Werther-Effekt (efeito Werther), onda de suicídios ocorrida na Alemanha e em outros países europeus, cuja imagem cênica típica combinava nuances literalmente mortas de algum jovem desiludido à cor azul e...
Falar do décimo terceiro arrondissement de Paris é falar da China. Também existe uma Chinatown aqui. Ruas, e ruas, e os prédios mais feios de Paris lotados de chineses e de fábricas escondidas, e restaurantes, e lojas especializadas em produtos chineses e em tudo o que precisamos para abrir o nosso próprio restaurante de sushi/sashimi. Eu sei que essa é uma comida típica do Japão, mas tampouco as miniaturas da Torre Eiffel são feitas por descendentes da casa de Bourbon.Impossível esta crônica...
Admito, sou um exemplo de bom marido. Minha paciência e aptidões são gigantescas, minha capacidade de perdoar e de compreensão também. Esses fatores, somados ao meu conhecidíssimo dom culinário, deixam-me - permitam a pouca modéstia - perto da perfeição marital. Deveria ser citado mundo afora como "o companheiro perfeito". Provavelmente não o seja, por algumas limitações (sim, elas existem) e dificuldades congênitas que passariam desapercebidas por todos, mas, claro, não por ela, a minha...
“Há algo de podre no reino da Dinamarca.” (Hamlet – William Shakespeare). Não estou na Dinamarca, mas algo de podre levou o Conselho de Estado francês, em 1785, a trasladar os restos mortais de todas as pessoas que haviam sido enterradas em Paris para os túneis abandonados das pedreiras parisienses, que ficavam no décimo quarto arrondissement. Foram criadas, assim, as Catacumbas de Paris. Não é um passeio que agrade a todos, mas não nos esqueçamos de que é para junto deles que todos iremos...
Cruzei os braços - daquele jeito que os gênios das lâmpadas fazem, erguidos, bem acima da barriga, na altura do peito - e fechei a cara. As sobrancelhas caíram perpendicularmente em direção ao nariz, quase fechando meus olhos. Os lábios cresceram, principalmente o inferior, ficando quase do mesmo tamanho do que o da Angelina Jolie e, então, falei de maneira precisa, em alto e bom som: -- Grunfth! -- Existe resposta melhor para injustiça? E não foi só isso. Disse e fiquei imóvel, com a...
Ontem fui ao Salão do Livro de Paris, curiosamente quando tinha de escrever sobre o décimo quinto arrondissement. E, melhor ainda, de graça, pois a organização do salão resolveu, neste ano, liberar a entrada para todas as pessoas que apresentassem a carteira de leitor das bibliotecas de Paris. Hoje estou aqui para falar sobre esse salão, mas não posso deixar de aproveitar o ensejo para elogiar a rede de bibliotecas municipais que temos por aqui, com uma qualidade de serviço e um acervo de...
Nossa história é fantástica. Somos o que há de mais imprevisível, mais surpreendente e menos ajuizado que existe. Faça o seguinte: imagine uma pessoa lá do começo do século; sente-se ao seu lado, olhe para um campo verde sob um céu azul com alguns pássaros piolhentos voando de um lado para o outro e comece a contar:— Pois tudo começou com um feirante que, cansado de pagar propina a policiais corruptos, ateou fogo no próprio corpo. Na Tunísia. Este foi o início de uma queda de ditadores...
Eu já tive um sonho nível 4. Foi depois de ver o filme A origem, mas o tive, influenciado ou não por Leonardo DiCaprio. Sonhei que estava falando com minha prima e que tinha consciência de que estava dormindo. Acordei e sabia que ainda estava dormindo. Mais uma vez acordei e, ainda uma vez, acordei, consciente, naquele momento, de que estava apenas a um nível de distância do meu corpo. A diferença entre o último sonho e os outros sonhos foi a consciência que tive de que o nosso mundo real...
Se classificássemos as cidades por gênero, diríamos que Madrid é homem, Sevilha, mulher, Berlim, homem e Florença, mulher. Veneza, amantes, Londres, sir, Barcelona, juventude e Lisboa, Amália Rodrigues. Paris? Bien sûr! Paris, mulher. Uma mulher cheirosa, elegante, de seios nus e com uma bandeira na mão — uma mulher que, sem dúvida, estaria vivendo no décimo-sétimo arrondissement.Não tenho muito para dizer sobre esse canto de Paris, contudo, chegamos ao bairro onde morou Rita Hayworth, Sarah...
Quem não se lembra do dia em que andou de bicicleta pela primeira vez? Equilibrar-se em cima de duas rodas não é proeza das mais difíceis para uma criança, mas — como o primeiro sutiã — é inesquecível. Eu tinha quantos anos? Oito? Nove? Depois de escoriações aqui e ali, pedaços de pele esparramados pela calçada diante de minha casa e de casquinhas de ferida levantadas antes da hora, meu tio resolveu botar um fim naquilo. “Cadê a bicicleta, moleque?”, quis saber. “Pega ela lá. Vamos...
Quem diz Montmartre, diz Pigalle, diz Moulin Rouge, diz Sacre-Cœur; quem diz Place de Tertres, imagina Renoir, Degas, nus, Toulousse-Lautrec. Uma cena que foi eternizada pela vida que levou, quando era jovem, com seus vinte e poucos anos e seu copo de absinto, sentado ao lado de dançarinas de can-can. Contudo, quem vai a Montmartre, encontra um turismo desenfreado, escolhe lembrancinhas importadas e tenta evitar os golpes dos ciganos.Nenhum pintor ou poeta poderá reviver os anos artísticos..
Uma das refeições mais extasiantes que já provei foi no Restaurante do Rá, em São José do Barreiro, um vilarejo – na verdade, um distrito – de 300 habitantes e sem uma rua asfaltada, escondido no silêncio de Minas Gerais. É um restaurante que o dono abriu em seu sítio e, ao redor, há um galinheiro, patos, porcos, galinhas de Angola. O lugar não poderia ser melhor. Eu e meu filho comemos feito reis, enquanto a mãe dele, que gosta dos bichinhos da roça, ainda não havia se conformado com essa...
O arquiteto Oscar Niemeyer foi responsável pelo projeto do prédio que hoje abriga a Sede do partido comunista francês. Imagine um diafragma prestes a explodir, uma toupeira pronta para aparecer ou prisioneiros a sete palmos de uma prometida liberdade. Assim desponta parte dessa obra que se encontra no 19º arrondissement de Paris, como um símbolo do momento em que um povo surgiu e deixou suas marcas na cultura local.Todos nós estamos neste momento marcando ou influenciando alguma coisa. Somos...
"Is everybody in? Is everybody in? Is everybody in? The ceremony is about to begin…". (Está todo mundo aí? Está todo mundo aí? Está todo mundo aí? A cerimônia está prestes para começar…). Aos iniciados. Alan Kardec, codificador do espiritismo, enterrado no cemitério Père Lachaise. James Douglas Morrison, poeta americano, enterrado no cemitério Père Lachaise. As duas tumbas mais visitadas do Père Lachaise. Uma é aquela que recebe mais flores; a outra, a que recebe mais cigarros.
Se me perguntarem uma coisa que tem tudo para dar errado, eu respondo sem nenhuma dúvida: casamento. Talvez por isso em muitas vezes dá mesmo e em outras tantas fica rancor e ódio onde um dia já teve (vou ter que rimar, não adianta) amor e respeito. Essa relação é algo um tanto quanto insólita, um pouco sonhadora, irreal até. Como conceber que uma pessoa conhecida em uma balada, cheia de álcool na cabeça, em uma noite dedicada aos prazeres carnais, por exemplo, torne-se mãe dos seus filhos?
Paris é dividida em vinte arrondissements, que se enrolam como um Escargot da Île de la Cité até o Père-Lachaise, do lugar onde os ossos mais antigos desta região foram encontrados, o berço de Paris, até a última morada de vários personagens da história mundial, ou apenas francesa. Quero convidá-los a uma viagem por esses bairros, numa contagem decrescente; sem a pretensão de possuir informações inéditas, mas com o intuito de falar sobre os lugares que mais me têm atraído aqui. Mas falemos...
Já falei da sopa de mandioca que a mãe faz? Se ela lançasse um serviço delivery, com motoboys cortando o trânsito numa noite fria e chuvosa, rapidamente, como craques de futebol levando uma sopa recém-tirada do fogo até a casa das pessoas, decerto, a receita já seria uma franquia. Não é exagero, mesmo de quem já deixou a casa dos pais há tempos. Na panela de pressão, a sopa fica a cozinhar em fogo-baixo por muito tempo. Pedaços de carne em quadradinhos, cebolinha, salsa, os mililitros exatos...
Paris, 15 de setembro de 2010. Pensei em escrever meu primeiro texto para Tertúlia sentado à uma das mesas do restaurante Deux Magots. Teria sido uma ótima maneira de agradecer pelo convite que me fora feito: "você será nosso correspondente de Paris". Entretanto, como a globalização também trouxe seu lado negativo, preferi começar discordando de tudo aquilo que ela tem feito a certos templos franceses. Lá se fora a época em que um escritor podia viver aqui com três dólares diários; quer dizer...
Admiro quem sabe simplesmente fritar um ovo – o que não significa somente derramar um pouco de óleo numa frigideira, escorregar Clara & Gema abraçadas ali e jogar uma pitada de sal sobre as duas. O talento (por que não?) de quem sabe fritar um ovo é algo a se levar em conta. Admito: eu não sei fritar um ovo decente, sem esquartejá-lo, mas se soubesse gostaria de jogar umas ervas ali, recém-tiradas da horta e cortadas displicentemente com uma faca: manjericão, salsa, jambu, cheiro-verde...
Uma das vantagens de ser ateu é o poder da conversão. Eu mesmo abandonei minhas "certezas" diversas vezes. A última aconteceu nas férias, semanas atrás, em um momento fantástico. A cena mágica foi simples, porém inesquecível: estava eu diante de um entrecot jugoso, lindo, enorme, numa parrijada em Colônia de Sacramento. Quando coloquei o primeiro pedaço na boca, percebi o quanto tinha de divino aquilo tudo. O sabor daquela carne não poderia ser atribuído somente ao pasto dos pampas uruguaios...
Quem gosta de se aproximar da natureza, e não resiste à tentação da vida simples do interior mineiro, deve conhecer São José do Barreiro. Não se trata de uma cidade (não confundir com o município paulista de mesmo nome) e, sim, de um distrito de São Roque de Minas (322 km de Belo Horizonte), que num primeiro momento assusta o turista, porque tudo é muito humilde, muito simples, mas que, depois, revela seu charme. Não há o que fazer à noite. Não há lanchonetes, boates, vida noturna alguma. Mas...
Não bastasse a morte de Corey Haim, na quarta-feira passada, 10 de março, a notícia do assassinato a sangue frio do cartunista Glauco e de seu filho, Raoni, anteontem, 12 de março, deixou todo mundo estarrecido. Pai e filho foram assassinados com nove tiros, de madrugada, na casa onde moravam em Osasco. Para ser sincero, fiquei arrasado, como todos que não podem fazer nada, além de lamentar a perda precoce de pessoas que, infelizmente, não mereciam ponto final tão trágico. Nos dois casos...
Admito: ando irritado. Mais que o normal. Sempre pensei que isso fosse impossível, mas agora descobri que não. É que tenho motivos. Final de ano é um prato cheio de coisas irritantes. São dezenas de pequeninas falhas, insignificantes fatos e milhares de razões para que o controle vá para as cucuias. (Cucuias? Tem no dicionário? Caso não, paciência, pois é exatamente para lá que foi meu autocontrole) - (Outro parênteses? Logo depois do primeiro? Separados por um travessão? Isso existe? Bem...
Férias. Chegaram. Oba. Em ordem alfabética: acepipes, amigos, bicicleta, cachoeira, caminhadas, cervejinha, cinema, chocolate, chuva, colchão na sala, edredom, filmes, futebol, gordurinhas localizadas, livros, madrugada, mp3, notebook, ócio, ócio criativo, sexo tântrico, Silvia, sol, Tertúlia, Théo, três de sete crimes capitais (gula, luxúria, preguiça), viagens, vinho, zabumba. Se tudo vier a ser como tem de ser, essas serão as palavras-chave de minhas férias - essas e outras que...
Há nove anos Théo chegou. Era um sábado à tarde e havia um sol danado em Batatais. Quer hora melhor pra nascer? Bem, sexta-feira, após o ½ dia, também é uma hora e tanto. Hê, hê. 19 de agosto de 2000. Leão. Eu e minha sogra ficamos do lado de fora do quarto e ouvimos o choro. Piruetas no corredor do hospital. E enquanto a amada sorria no quarto, anjos ao meu lado, com trombetas uníssonas, anunciavam o momento luminoso; fomos ao encontro de Silvia e Théo, emocionados, eu & minha sogra. Nascia...
Aconteceu. Desde o fim de Entrelivros, nenhuma outra revista ocupava o posto de revista literária predileta entre o público interessado em literatura (já como farol das letras, é algo que está longe a qualquer uma das duas ou três revistas literárias brasileiras vendidas em bancas). Mas o último número da revista Conhecimento prático - literatura, novo e péssimo nome para o que antes era Discutindo literatura (nome também discutível), chegou para colocar as coisas no lugar...
Alô, alô. Testando. Som. SSSSSSSSSSom. 1, 2, 3... Olá, este é o site do fanzine Tertúlia. Nos anos 1990, fazer fanzine era mais do que ter um blog ou um site. Era esperar pelo carteiro todo dia, quando e-mails ainda não faziam parte da vida; as cartas chegavam sem parar. Mesmo quando não havia carta alguma, o carteiro passava lá em casa. “Não vai ficar triste, menino, mas hoje não tem carta"...
se alguém anda entrando neste site, muito obrigado; já, já, os testes chegam ao fim e, finalmente, tudo estará como desejado. a todos que por aqui passem: sejam bem-vindos! abraços, renato (realess72@gmail.com)